Desde o surgimento da indústria do prazer que se colocou o debate sobre
o que é erótico e o que é pornográfico, sem que se consiga chegar a uma definição
precisa. Há algum consenso que a pornografia abrigaria o mau gosto enquanto o
sexo apresentado subtilmente enquadrar-se-ia mais no erotismo. Mas cada dia que
passa estamos mais próximos de mostrar o sexo total no contexto de obras
sérias.
Desde que, há dois mil anos, na cultura ocidental, o corpo passou a ser visto
como inimigo do espírito, que existem ideias distorcidas sobre o que é obsceno
e perigoso com mais ou menos força em toda a parte. Incutiram-nos a ideia que a
imagem do corpo humano nu, e particularmente, experimentando prazer sexual é negativa,
ou seja, pornográfica.
O erotismo é aceite. A pornografia é condenada, embora, muitas vezes, o
erotismo de hoje seja a pornografia de ontem. Para a maioria das pessoas, o
erotismo está relacionado com o amor, a pureza, a espontaneidade, e subtileza,
sugerindo sem mostrar tudo, mesmo evocando fantasias sexuais. E a pornografia
seria o sexo explícito, desavergonhado, público, sem espaço para a imaginação,
banal e aberrante, com nítida falta de classe.
Talvez a diferença entre erotismo e pornografia não seja
tão grande quanto parece à primeira vista. E como em matéria de sexo, numa
sociedade repressiva como a nossa, qualquer um pode ser acusado e acusador,
fiquemos com a definição do escritor Alain Robbe-Grillet:
"A pornografia é o erotismo dos outros."
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