terça-feira, 30 de setembro de 2008

CARTIER-BRESSON

Também fez muita merda. Não há nenhum fotógrafo que não faça merda.
Uns admitem a porcaria que fazem, outros, nunca fazem nada de jeito.
Num apontamento, ao lado de uma das imagens mais conhecidas que Cartier-Bresson tirou em Portugal, “Lisbonne, (Woman at Confessional), Mosteiro dos Jerónimos”, 1955, Jorge Calado escreveu o seguinte: “H.C.B. não gostou de Portugal. Ou não gostou o suficiente para nos incluir no célebre livro “Les Européens”, publicado em 1955 – o ano da viagem a Portugal. Não admira. Visitou-nos quando desesperávamos com a eternidade do ditador no poder…Não sei quantos rolos fez durante a sua estada portuguesa. Conhece-se uma dúzia de fotografias, mas sei que H.C.B. acabou por reduzir a escolha a duas – a do Castelo de S. Jorge e a dos Jerónimos -, não permitindo a comercialização de mais nenhuma…”.
Pelo menos aproveitou duas e, digo eu, ainda bem que não as incluiu no livro. "Européens" é do lado de lá dos Pirinéus.

CHIM

David Szymin (1911-1956), nasceu em Varsóvia, Polónia, e aí viveu até sua adolescência. Estudou com o objectivo de se tornar músico, descobrindo mais tarde que esta não era a sua vocação.
Para encontrar o seu caminho, Szymin foi para a Alemanha estudar na Akademie der Graphischen und Küenste (Academia de Gráfica e Artes). Especializou-se em técnicas de impressão a cores para a reprodução de pinturas. Porém, troca a litografia pela fotografia e vai viver para Paris, onde adquire a alcunha de Chim. Nos Estados Unidos, naturaliza-se cidadão americano e regista-se com o nome de Seymour. É aí que conhece Robert Capa e Henri Cartier-Bresson e os três formam a célebre agência Magnum. Chim cobre vários acontecimentos que marcaram o Século XX, como a Guerra Civil de Espanha ou II Guerra Mundial. Depois da Grande Guerra, "Chim" (ou Seymor, ou Szymin, ou outro nome qualquer que tenha escolhido...), regressa à Polónia, à procura dos seus pais judeus que, como muitas outras pessoas faleceram nos confrontos. A Polónia que renegara, foi então tema de muitas das suas fotografias e, para a UNESCO, documentou o drama das crianças refugiadas. No dia 10 de Novembro de 1956, quando fazia uma reportagem fotográfica da Guerra do Suez, "Chim" é morto juntamente com o fotógrafo francês Jean Roy pelas metralhadoras dos soldados egípcios.

1947 - Alemanha

Que pena não estar activo...

Matérias Sensíveis …o que está por dentro, muito dentro, é profundo, uma essência, essência de algo, do dentro, do âmago, do íntimo, sensível, invisível, perceptível, suspenso, uma presença, capturar uma presença, sentir, olhar, suspender num olhar, num instante, o que está por dentro…
Nada a fazer, por enquanto... Parece que acabou e quem conhecia este blogue deve sentir o que eu sinto. Mesmo assim, há que dar um passeio por http://materiassensiveis.blogspot.com para perceber o que digo.

"Taberna Roja"

"De los muchos caminos con que un hombre cuenta para escapar del apaciguamiento, estos son seguramente los tres más importantes: la incondicionalidad de la lucha, el rescate de los muertos y la distorsión de la lengua. En su dimensión política, son tres formas espléndidas de encarnar la resistencia, junto a los otros hombres y mujeres de su tiempo."
Com este enunciado se apresenta o prefácio de "Taberna Roja", um livro de poemas acabado de saír.
Interessado?
Un poema de "Taberna roja":
HOJA DE CONQUISTAS
—a Diana Bellessi y Eliana Ortega
las mujeres enfermas que jugaron con burros las que cavaron tumbas en las palmas de un trueno las sólo voz dormidas en los centros solares las hambrientas de todo las preñadas con todo las hijas del golpe y de los sueños mojados las que fijan continentes que dejaron atrás las niñas con pimienta en sus quince traiciones las de pan-a-diez-céntimos sin cafetería las del turno de visita con oficios de muerte las madres eternas de los locutorios las arrasadas, las caratapiadas, las comepromesas las terribles solitas en las salas de baile las clandestinadas pariendo futuros las oficinistas que ahogaron sus príncipes las acorraladas las desamparadas, las sepultureras las del polvo sobreimpuesto y el trago a deshora las poquito conquistadas las niñitas vestidas con mortajas azules las que cosen el mundo por no reventarlo las mujeres con uñas como mapas creciendo las hembras cabello-de-lápida (todavía más grandes que su propio despojo) las corresquinadas, las titiriteras, las que tierra se trajeron atada a los bolsillos las nunca regresadas las nunca visibles las del nunca es tarde las del vis-a-vis sin un plazo de espera las reinas en los parques y en los sumideros todas ellas las mujeres que me llegan con todos sus cansancios, todas, en sigilo: las amantes y mis camaradas.

Enrique Falcón

GRUTA 77

Acabei de receber este convite através de um dos muitos blogues que leio (nunca tinha dito, mas eu leio coisas que nem vos passam pela cabeça). Pensando que talvez um dos meus amigos esteja por Madrid e não tenha programa para hoje à noite, basta-lhe saír na Estação Oporto do Metro e com um pequeno passeio de dois quarteirões mais adiante, acredito que terá motivos de sobra para voltar a seguir as minhas sugestões.

D90 para quem deseja uma câmara nova

E em inglês, pois claro. Não há catálogos em português...
Nikon D90 Key Features 12.9 megapixel DX-format CMOS sensor (effective pixels: 12.3 million) 3.0-inch 920,000 pixel (VGA x 3 colors) TFT-LCD (same as D3 and D300) Live View with contrast-detect AF, face detection Image sensor cleaning (sensor shake) Illuminated focus points Movie capture at up to 1280 x 720 (720p) 24 fps with mono sound IS0 200-3200 range (100-6400 expanded) 4.5 frames per second continuous shooting (buffer: 7 RAW, 25 JPEG fine, 100 JPEG Normal) Expeed image processing engine 3D tracking AF (11 point) Short startup time, viewfinder blackout and shutter lag Slightly improved viewfinder (96% frame coverage) Extensive in-camera retouching including raw development and straightening Improved user interface New optional compact GPS unit (fits on hot shoe) Same battery and vertical grip as D80 Vignetting control in-camera 72 thumbnail and calendar view in playback

Conchas

Recebi este e-mail

Profs .... a culpa é deles!
Neste momento, é óbvio para todos que a culpa do estado a que chegou o ensino é (sem querer apontar dedos) dos professores. Só pode ser deles, aliás. Os alunos estão lá a contragosto, por isso não contam. O ministério muda quase todos os anos, por isso conta ainda menos. Os únicos que se mantêm tempo suficiente no sistema são os professores. Pelo menos os que vão conseguindo escapar com vida. É evidente que a culpa é deles. E, ao contrário do que costuma acontecer nesta coluna, esta não é uma acusação gratuita. Há razões objectivas para que os culpados sejam os professores. Reparem: quando falamos de professores, estamos a falar de pessoas que escolheram uma profissão em que ganham mal, não sabem onde vão ser colocados no ano seguinte e todos os dias arriscam levar um banano de um aluno ou de qualquer um dos seus familiares. O que é que esta gente pode ensinar às nossas crianças? Se eles possuíssem algum tipo de sabedoria, tê-Ia-iam usado em proveito próprio. É sensato entregar a educação dos nossos filhos a pessoas com esta capacidade de discernimento? Parece-me claro que não. A menos que não se trate de falta de juízo mas sim de amor ao sofrimento. O que não posso dizer que me deixe mais tranquilo. Esta gente opta por passar a vida a andar de terra em terra, a fazer contas ao dinheiro e a ensinar o Teorema de Pitágoras a delinquentes que lhes querem bater. Sem nenhum desprimor para com as depravações sexuais - até porque sofro de quase todas -, não sei se o Ministério da Educação devia incentivar este contacto entre crianças e adultos masoquistas. Ser professor, hoje, não é uma vocação; é uma perversão. Antigamente, havia as escolas C+S; hoje, caminhamos para o modelo de escola S/M. Havia os professores sádicos, que espancavam alunos; agora o há os professores masoquistas, que são espancados por eles. Tomando sempre novas qualidades, este mundo. Eu digo-vos que grupo de pessoas produzia excelentes professores: o povo cigano. Já estão habituados ao nomadismo e têm fama de se desenvencilhar bem das escaramuças. Queria ver quantos papás fanfarrões dos subúrbios iam pedir explicações a estes professores. Um cigano em cada escola, é a minha proposta. Já em relação a estes professores que têm sido agredidos, tenho menos esperança. Gente que ensina selvagens filhos de selvagens e, depois de ser agredida, não sabe guiar a polícia até à árvore em que os agressores vivem, claramente, não está preparada para o mundo.
Ricardo Araújo Pereira in Opinião, Boca do Inferno, Revista Visão

No Norte bate-se o pé

e com muita razão.
Senhores poderosos daí do sul do Mondego, ganhem juízo. O Norte sabe o que quer e começa a ficar cansado de ser enxovalhado. Quanto a mim, ainda não estou esquecido das muitas vezes que o falecido Barreirinhas berrava nos comícios e propalava à boca cheia que o Norte era fascista. Os Senhores ministros devem pensar o mesmo, mas dão-lhe nome mais fino...
SUSPENSÃO DA APLICAÇÃO DO NOVO MODELO DE AVALIAÇÃO EM NOME DA JUSTIÇA, DA TRANSPARÊNCIA DE PROCEDIMENTOS E DE UMA AVALIAÇÃO SÉRIA E CREDÍVEL.
EXMO SR. PRESIDENTE DO CONSELHO PEDAGÓGICO DA ESCOLA SECUNDÁRIA DE S. PEDRO
Os professores da Escola Secundária de S. Pedro, abaixo assinados, consideram a avaliação de desempenho um instrumento decisivo para o aprofundamento de competências e de práticas pedagógicas e científicas por parte dos docentes e, consequentemente, para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem. Enquanto ferramenta central e sensível da vida escolar, a avaliação de desempenho não é compatível com traduções medíocres de paradigmas importados e anacrónicos, mesmo que tais dispositivos tenham, algures no passado, deslumbrado uma qualquer história pessoal de formação académica, como não é susceptível de poder ser vertida em modelos imperfeitos, quer estejam escorados, a montante, em actos levianos e injustos, quer proporcionem cobertura legal para falhas ou défices incontrolados na competência avaliativa, para incoerências e, mais grave, para distorções que podem emergir de antagonismos pessoais e profissionais, quando não de arrivismos de personalidade. Por outro lado, a avaliação de desempenho é um assunto demasiado sério, do qual depende o justo reconhecimento do empenho profissional dos docentes e a qualificação das aprendizagens escolares, não sendo, como tal, passível de se poder constituir como peça de estratégia política ou propagandística, seja ela qual for. Deste modo, defendemos a necessidade de se instituir nas escolas um modelo de avaliação do desempenho dos professores que seja capaz de implementar, de forma séria, diferenciações qualitativas entre as práticas docentes e de promover, verdadeiramente, o sucesso educativo, sem deixar margem para arbitrariedades, desconfianças, incertezas ou propostas minimalistas de simplificação incerta e vazia de conteúdo, sustentando-se, ao invés, numa formatação rigorosa, credibilizada, justa e exequível. Como tal, militamos a favor da abertura de um amplo debate nacional que possa ser gerador de um consenso alargado entre professores, actores políticos e tutela, de molde a garantirse a definição de um modelo de avaliação consistente, que possa ultrapassar a conflitualidade actual, motivar os professores, fomentar a qualidade do ensino e contribuir para o prestígio da escola pública. Pelas razões que aduziremos à frente, o Modelo de Avaliação do Desempenho estatuído no Decreto Regulamentar nº 2/2008 não assegura a justiça e o rigor de que os professores e as escolas são devedores, nem protege, necessariamente, a valorização dos melhores desempenhos, de que a pseudo-avaliação, que o Ministério da Educação arquitectou no primeiro Concurso de Acesso a Professor Titular, foi um exemplo paradigmático. Em conformidade com o exposto, a decisão de suspendermos a aplicação do novo Modelo de Avaliação do Desempenho decorre da constatação do seguinte conjunto de limitações e de inconsistências:
- Quando as novas abordagens de intervenção e as teorias da organização e gestão empresarial aconselham perspectivas “emic” de valorização e de envolvimento dos destinatários das medidas e decisões tutelares, rejeitando a proficiência das metodologias impositivas e o paternalismo autocrático orientado para o controlo de vontades racionais e legítimas, eis que a equipa ministerial insiste em impor políticas e modelos que merecem a reprovação da maioria dos professores;
- A circunstância das recomendações relativas à elaboração e aprovação, pelos Conselhos Pedagógicos, de instrumentos de registo normalizados, previstos no Decreto Regulamentar nº 2/2008 e procedentes da Senhora Presidente do Conselho Científico de Avaliação dos Professores, se encontrarem sob efeito suspensivo, por força de providências cautelares intentadas pelas organizações sindicais.
- A possibilidade efectiva deste Modelo de Avaliação do Desempenho colidir com normativos legais, nomeadamente, o Artigo 44º da Secção VI (Das garantias de imparcialidade) do Código do Procedimento Administrativo, o qual estabelece, no ponto 1, alíneas a) e c), a existência de casos de impedimento sempre que o órgão ou agente da Administração Pública intervenha em actos ou questões em que tenha interesses semelhantes aos implicados na decisão sobre tais actos ou questões. Ora, os professores avaliadores concorrem com os professores por si avaliados no mesmo processo de progressão na carreira, disputando lugares nas quotas a serem definidas;
- Também a imputação de responsabilidade individual ao docente pela avaliação dos seus alunos, cuja progressão e níveis classificatórios entram, com um peso específico de 6,5% na sua avaliação de desempenho, configura uma violação grosseira, quer do Despacho Normativo nº 1/2005, o qual estipula, na alínea b) do Artigo 31º, que a decisão quanto à avaliação final do aluno é, nos 2º e 3º ciclos, da competência do conselho de turma sob proposta do(s) professor(es) de cada disciplina/área curricular não disciplinar, quer do Despacho Normativo nº 10/2004, o qual regula a avaliação no ensino secundário e estabelece, no nº 3.5 do Capítulo II, que “a decisão final quanto à classificação a atribuir é da competência do Conselho de Turma, que, para o efeito, aprecia a proposta apresentada por cada professor, as informações justificativas da mesma e a situação global do aluno.";
- O modelo de avaliação instituído pelo Decreto Regulamentar nº 2/2008 desorganiza e instabiliza as escolas pelo momento em que foi instituído, pelo excesso de procedimentos burocráticos e, fundamentalmente, pelo não conhecimento atempado de todos os requisitos legais e procedimentais indispensáveis para o concretizar, tornando a avaliação inexequível, sobretudo quando está em causa, quer a complexa e morosa reformulação e adaptação de documentos estruturadores da escola, como são o Projecto Educativo, o Regulamento Interno e o Plano Anual de Actividades, quer a definição do conceito de abandono escolar no ensino secundário ou a determinação do contexto socioeducativo (recordamos que os últimos dados da IGE reportam-se ao ano lectivo de 2004/2005). Para não referirmos a leviandade com que o processo foi lançado, quando ainda não estava constituído o Conselho Científico para a Avaliação de Professores (Artigo 6º, ponto 2; Artigo 21º, ponto 3; Artigo 28º, ponto 2), não estava regulamentada a delegação de competências (Artigo 12º, ponto 2), não estavam aprovadas as ponderações dos parâmetros classificativos (Artigo 20º, ponto 2), não estavam fixadas as percentagens máximas para a atribuição das classificações de Muito bom e Excelente (Artigo 21º, ponto 4), não estava definido o regime de avaliação dos parâmetros classificativos previstos no nº 1 do Artigo 45º do ECD (Artigo 29º, ponto 4), não estava regulamentada a avaliação dos membros das direcções executivas que não exercem funções lectivas (Artigo 31º, ponto 1) e não estavam aprovados os modelos de ficha de avaliação (Artigo 35º);
- Rejeitamos, em absoluto, os critérios que nortearam o primeiro Concurso de Acesso a Professor Titular, valorizando, acima de tudo, a mera ocupação automática de cargos nos últimos sete anos lectivos, independentemente de qualquer avaliação da competência e da adequação técnica, pedagógica ou científica com que os mesmos foram exercidos, deixando de fora muitos professores com currículos altamente qualificados, com uma actividade curricular ou extracurricular excelente e prestigiada, marcada por décadas de investimento denodado na sua formação pessoal, na escola e nos seus alunos. Esta lotaria irresponsável gerou uma divisão artificial e gratuita entre “professores titulares” e “professores”, criando injustiças insanáveis que minam, inelutavelmente, a credibilização deste modelo de avaliação do desempenho.
- Repugna-nos que este Modelo de Avaliação do Desempenho, além de configurar uma arquitectura burocrática absurda e desajustada daquilo que é relevante no processo de ensinoaprendizagem, possa desencadear, no quotidiano escolar, processos e relações de extraordinária complexidade e melindre, mercê de contingências disparatadas, como os avaliadores de hoje serem avaliandos amanhã, e vice-versa, avaliadores com formação científico-pedagógica e académica de nível inferior aos avaliandos, ou ocorrerem avaliações da qualidade científicopedagógica de práticas docentes empreendidas por avaliadores oriundos de grupos disciplinares muito díspares (os quais, nem sequer foram objecto de uma formação adequada em supervisão e avaliação pedagógica, quanto mais científica);
- O Ministério da Educação não está em condições de poder assegurar às escolas que muitos dos avaliadores possuam, além das competências de avaliação requeridas, uma prática pedagógica modelar, ou apenas razoavelmente bem sucedida, nos parâmetros em que avaliam os colegas. Em contexto escolar, parece-nos anti-pedagógico e contraproducente impor a autoridade por decreto, a partir de uma cegueira autocrática;
- Ao contrário da convicção da Senhora Ministra da Educação, consideramos que não é legítimo subordinar, mesmo que em parte, a avaliação do desempenho dos professores e a sua progressão na carreira, ao sucesso dos alunos e ao abandono escolar (Decreto Regulamentar nº 2/2008, Artigo 8º, ponto 1, alínea b), desprezando-se uma enormidade de variáveis e de condicionantes que escapam ao controlo e à responsabilidade do professor, tendo em conta a dificuldade fáctica em ponderar, objectivamente, a diversidade e a incomparabilidade de casos e situações. Desta forma, criam-se condições desiguais entre colegas – por exemplo, as turmas são constituídas por alunos com diferentes motivações e especificidades; há disciplinas em que a obtenção de sucesso está mais facilitada, pelo que os resultados da avaliação dos alunos serão comparados entre disciplinas com competências e níveis de exigência totalmente diferentes; uns docentes são avaliados tomando em consideração provas de avaliação externa e outros não o são por inexistência das mesmas; as próprias provas de avaliação externa não obedecem aos mesmos critérios da avaliação interna. Parece-nos incontestável que os resultados dos alunos visam avaliar, tão-só, os próprios alunos, a partir de uma notável diversidade de critérios, como conhecimentos adquiridos, empenho, assiduidade, condutas e valores, os quais variam na definição e na percentagem atribuídas por cada escola. Outra coisa diferente e admissível é a existência de avaliações externas dos níveis de sucesso e de insucesso das escolas, enquanto instrumentos de reflexão e de intervenção com vista à melhoria de resultados;
- Em concomitância com o afirmado anteriormente, existem dinâmicas sociais e locais, cujo impacto nas escolas é real, mas de mensuração difícil e, como tal, não se encontra estudado ao pormenor (como pressupõe o Modelo de Avaliação do Desempenho), relativamente às quais os professores são impotentes, não podendo assumir, naturalmente, o ónus por contingências que os transcendem, como sejam: as acentuadas desigualdades económico-sociais que afectam a sociedade portuguesa; o elevado número de jovens que vivem em situação de pobreza, em famílias desestruturadas ou cujos pais são vítimas de desemprego ou de ocupações precárias e mal remuneradas; a “guetização” de certas áreas residenciais, indutora de formas de socialização desviantes, de marginalidade e, consequentemente, de indisciplina na escola; a existência de elevados défices de instrução e de literacia entre os pais de muitos jovens que frequentam a escola; a falta de tempo, de motivação ou de saberes que permitam aos pais efectuar o acompanhamento escolar dos filhos ou, sequer, incutir-lhes o valor da aprendizagem escolar; as pressões familiares ou sociais para o abandono precoce da escola em troca de expectativas de trabalho e de remuneração. Além destas tendências, não podemos negligenciar as desiguais condições das escolas, nomeadamente, ao nível da qualidade e disponibilidade de equipamentos, da distribuição de alunos, quer com problemas e dificuldades acrescidas, quer com distintas resistências à disciplina e à aprendizagem, bem como ao nível dos suportes de acompanhamento psicopedagógico dos casos mais difíceis, para darmos apenas alguns exemplos;
- Consideramos que este Modelo de Avaliação do Desempenho introduz um péssimo contributo para o rigor que é exigível num processo de avaliação, ao postular a indefinição e a subjectividade inerente a vários parâmetros de avaliação, como, por exemplo, a relação com a comunidade. E por falar em subjectividade, é previsível a confusão conceptual, que pode vir a ser gerada, entre ética e deontologia profissional (como, recentemente, ocorreu num agrupamento de escolas), escancarando-se a porta ao farisaísmo e à entrada de observáveis pantanosos;
- Recusamos a rigidez e a inflexibilidade, meramente administrativas, nos critérios para a obtenção da classificação de Muito Bom ou de Excelente, penalizando o uso de direitos constitucionalmente protegidos, como ser pai/mãe, estar doente, acompanhar o processo educativo dos filhos, participar em eventos de reconhecida relevância social ou académica, acatar obrigações legais ou estar presente nos funerais de entes queridos;
- Constatamos a inoperacionalidade da aplicação deste Modelo de Avaliação do Desempenho ao contemplar megadepartamentos que apenas eram considerados para o concurso para professores titulares (Artigo 4º, ponto 2, do Decreto-Lei nº 200/2007);
- A complexidade e a variedade dos saberes, das ferramentas e dos recursos mobilizados, pode conferir à docência de alguns professores uma extraordinária multicomponencialidade, a qual não é susceptível de, em muitos casos, poder ser adequada e seriamente avaliada por um único docente avaliador. Em outras situações, os parâmetros da avaliação podem postular a utilização de recursos inovadores que muitas escolas não estão em condições de assegurar ou mobilizar;
- Este Modelo de Avaliação do Desempenho produz um sistema, prevalentemente, penalizador e não performativo de futuros desempenhos, além de que não discrimina positivamente os docentes que leccionam ou desenvolvem projectos com as turmas mais problemáticas e com maiores dificuldades de aprendizagem;
- Preocupa-nos o facto de este Modelo de Avaliação do Desempenho deixar transparecer sinais de penalização, ao invés do demagogicamente apregoado, para os professores mais rigorosos e mais exigentes na forma como abordam a leccionação dos conteúdos e classificam o desempenho dos seus alunos;
- Repudiamos o acriticismo e o exacerbado voluntarismo que alguns Conselhos Executivos e alguns Coordenadores de Departamentos Curriculares colocam no cumprimento dos ditames ministeriais, tendo em conta o carácter gravoso (quando não a ilegalidade), para a qualidade e a seriedade da docência, decorrente dos actos que praticam, sobretudo quando não dispõem de mandato democrático para ir contra a vontade dos professores que os elegeram e que, por decreto governamental, perderão a capacidade de os destituir ou substituir. Que exemplo fantástico de democracia estamos a dar à sociedade e, sobretudo, à formação para a cidadania das gerações futuras. Não queremos acreditar que esta disponibilidade tenha a ver com eventuais contrapartidas, como a possibilidade aberrante e escandalosa, no quadro da lógica gestionária que enforma a política educativa desta equipa ministerial, de os Directores de Escola poderem ser professores não titulares. Neste âmbito, os professores da Escola Secundária de S. Pedro, abaixo assinados, reivindicam o direito a serem, formalmente, informados a propósito de todos os actos relacionados com a preparação da sua avaliação, que tenham sido desencadeados pelos órgãos executivos da escola;
- As recentes medidas avulsas de pretensa simplificação, e flexibilidade, ao arrepio do legislado, mais adensam a certeza da arbitrariedade colocada na aplicação deste pseudo-modelo de avaliação onde o critério último de preocupação está bem longe da procura da excelência e da melhoria do ensino. Estas medidas avulsas mais põem a claro a leviandade de um processo que se pretende sério, honesto e justo e não um mero arrazoado burocrático maleável à medida das conveniências do momento, das situações, dos intérpretes e, como tal, gerador de uma imensidão de condições de desigualdade que vão originar concomitantes injustiças;
- As razões em que ancoramos a nossa decisão de suspensão da aplicação do novo Modelo de Avaliação do Desempenho, são, igualmente, extensivas à aplicação do mesmo aos professores contratados, pelo que defendemos que os professores a que se refere a Circular nº B080002111G sejam enquadrados, para efeito de avaliação, na legislação anterior à publicação do Decreto Regulamentar nº 2/2008.
Enquanto as limitações, as arbitrariedades e as injustiças aqui expostas não forem corrigidas, os professores da Escola Secundária de S. Pedro, abaixo assinados, suspendem a sua participação em toda e qualquer iniciativa relacionada com a avaliação do desempenho à luz do novo Modelo de Avaliação do Desempenho.
Tendo em conta a seriedade e a gravidade das matérias implicadas no novo Modelo de Avaliação do Desempenho, professores da Escola Secundária de S. Pedro, abaixo assinados, advogam o direito de divulgar publicamente esta tomada de posição, para que outras escolas e os seus órgãos executivos e de coordenação pedagógica assumam também a responsabilidade de poderem contribuir para a defesa da qualidade do ensino e do prestígio da escola pública, impedindo este aventureirismo incompetente e irresponsável.
Vila Real e Escola Secundária de S. Pedro, 1 de Abril de 2008

Festival Internacional de Fotografia

Estremoz recebe o Festival Internacional de Fotografia. A 2ª edição do Festival Internacional de Fotografia acontece em Estremoz, no Alentejo. Com a organização da APPAF (Associação para a Promoção das Artes Fotográficas), o evento decorreu entre 10 e 28 de Setembro, e nele participaram 25 fotógrafos portugueses e estrangeiros. Este ano, devido a parcerias que a APPAF estabeleceu, estes fotógrafos terão ainda a possibilidade de apresentar os seus trabalhos na Finlândia, Síria e Alemanha. Entre as actividadesdeste evento houve um Workshop sobre Fotografia Digital. Para verem alguns exemplos dos trabalhos dos fotógrafos participantes, o programa detalhado e outras informações, visitem o site oficial http://www.appaf.eu/

Mais de um mês de ausência

Pois foi. Estive ausente deste espaço por um período de tempo que me parecia nunca mais chegar ao fim.
Foram desculpas atrás de desculpas e o meu modem de substituição nunca mais chegava... É assim, infelismente, que trabalham os capitalistas portugueses. Não possuem nem uma única loja de atendimento ao público, a sede é um número de telefone e um apartado de correios, o nome é sobejamente conhecido entre as grandes fortunas mundiais e assim, invocam uma credibilidade que tem muito pouco de seriedade. São esquemas... e ainda por cima, apoiados pelos governantes deste território europeu que já pouco tem do meu Portugal. Adiante. Trinta dias depois da reclamação e da devolução do produto defeituoso, recebo na caixa de correio, não a peça de substituição mas, imaginem, uma factura de internet que a firma me impediu de utilizar nesse epaço de tempo. 40,11 €, é Optimus ( desculpem-me o erro ortográfico). E o modem sem aparecer... Por fim, muitos telefonemas e horas perdidas durante esse período de tempo, eis que surge entregue em mão, uma caixinha com o aparelhómetro. Há que instalar, porque correio electrónico não o via desde.... desde a avaria daquele traste quase do tempo do Spectrum e que me foi fornecido na altura do contrato. É Optimus... é tudo Optimus com esses gajos. E o modem, não o conseguia instalar... Sou burro, pensei. Um tipo que tem um CD de instalação, um aparelho a cheirar a novo, cabos acabadinhos de estrear e não põe a net a funcionar, só pode ser burro... e durante todo o dia senti-me o gajo mais infeliz do mundo. Nessa noite imaginei-me mais radical do que realmente sou, e cagar nesta treta da globalização. Ia, desejava eu, voltar ao tempo do papel e da caneta. Escreveria cartas aos amigos, mandava os meus postais por correio, saboreava o tempo sem ansiedade, deixava-me pastar no "farniente" que me agrada, que me faz falta. Trauteava aquela canção dos Beatles que já poucos se lembram e adormeci feliz. Por obra do acaso, na manhã seguinte apareceram aqui em casa dois bons amigos craques em computadores. Um primeiro, gastou uma boa hora e meia a tentar desenrascar o problema que segundo tudo indicava, seria culpa minha. Um qualquer sistema, não existia nas minhas "janelas". E eu, a sentir-me burro novamente... Depois, a vez do mais credenciado chegou e com obras de magia e malabarismos técnicos, lá conseguiu restaurar a caixilharia. Nova instalação do programa, talvez a 47ª tentativa e nada. O animal não queria mesmo funcionar... Telefona-se aos gajos uma vez mais, talvez a milionésima vez, quem sabe, e depois de muitos confrontos do que estava ou não a ser executado, como foi executado, por quem foi executado, e blá, blá, blá para aqui e para lá, para os gajos que são Optimus, eis que o Duarte descobre que os gajos tinham modificado o nome de utilizador. Sem mais nem menos, acrescentaram siglas ao nome existente, mas não comunicaram coisa nenhuma. Apeteceu-lhes e já está. E está. Agora já está a funcionar graças aos meus amigos, mas estes são excelentes amigos, não são Optimus. Optimus, Optimus, é eu saber que mais cedo ou mais tarde, essa merda vai ao charco.