quinta-feira, 30 de junho de 2022

KEVIN COOLEY

KETIL BORN

KATHRYN WEINSTEIN

KARAN KAPOOR

KARLA HIRALDO VOLEAU

KAREN KUEHN

JULIA SMIRNOVA

JOSEFINA F. MORAN

KRISTINA GALISOVA

PATRICK WACK

ARTE ERÓTICA - FACTOS E CONCEITOS

Em todos os tempos a arte sempre procurou mostrar os mistérios, tabus, gostos, preferências, habitos e conflitos de cada época da humanidade. A velha India é o berço das mais exóticas criações do mundo erótico; Templos forrados de esculturas eróticas; Objectos de arte em sexo explícito; O Kama-Sutra e o Ratiroshaya são obras nascidas da sabedoria que codificou o Maythuna "ioga do sexo". As sublimes obras de Miguel Ângelo, Rubens e Leonardo da Vinci admiradas ao longo dos séculos; O nobre burguês Toulouse Lautrec que pintava as suas prostitutas preferidas; Rubens, Courbet, Parcim, Degas, Marquet, Jeam Cocteau, Barret e tantos outros que retrataram, sem preconceitos, o amor entre iguais; A arte do Oriente com destacados artistas como Torií Kiyonobu, Eizan, Mosanobu Kitao, além de outros talentosos do velho mundo; As gravuras eróticas de Picasso conhecidas do público a partir dos anos 70 são verdadeiras explosões de sexo. O Museu Nacional de Arqueologia de Nápoles possui uma das mais finas colecções de arte erótica de todo o mundo. Vasos, objectos eróticos e frescos resgatados de Pompéia, retratando cenas de sexo explícito, sadomasoquismo, sodomia, lesbianismo, sexo bestial, etc. Pela arte tão antiga podemos constatar que os preconceitos dos nossos dias seriam motivos de muita estranhesa naqueles tempos. O que hoje causa tanta polémica é tão antigo quanto a própria humanidade. Corpos que se unem, que se abraçam, se penetram sem pudor e sem culpa, na busca do prazer e do êxtase sexual pleno e profundo. A arte erótica concebida com prazer é como uma cópula sublime materializada pela inspiração criadora. Com ela o artista procura eternizar gestos, posições amorosas, formas de amar, sensações e libidos, despertando a realidade inconsiente, muitas vezes inconfessada, de cada um que a vê. A representação do acto sexual na forma de escultura; A constante busca do mistério dos corpos reproduzidos em forma de arte, são como um orgasmo visual e tátil. Corpos impregnados de erotismo, sem preconceitos, nas mais diversas formas de amar; Erotismo elevado ao máximo, sem medo de críticas e falsos moralismos. Corpos que falam por si. Talvez por preconceito ou por custo elevado, o acesso ao deleite visual da arte erótica sempre ficou restrito a poucos afortunados que podiam apreciá-las. O falso pudor da sociedade hipócrita diante da arte erótica é bem ilustrado por Baudelaire, em Mon coeur mis à nu. "Todos os imbecis da burguesia, que pronunciam as palavras moralidade e imoralidade na arte, trazem-me à memória Louise Villedieu, puta de cinco francos. Quando me acompanhava ao Louvre, ela começou a corar e perguntou-me, perante as estátuas e quadros imortais, como era possível exibir-se publicamente tais indecências..." A verdade é que todos nós – e não apenas Louise Villedieu e os artistas – apesar de tentarmos negar, somos obcecados pelo corpo humano. Há os artistas que destacam o corpo feminino, como Auguste Rodin, Pablo Picasso e René Magritte, manifestando o desejo de modificá-lo, fazendo de seus pormenores, objectos de um fetichismo colectivo, onde peças de vestuário surgem como uma segunda pele. Outros evidenciam o ideal masculino, como Francis Bacon, Andy Warhol e Robert Mapplethorpe. Christo e Jeanne Claude fazem inúmeras alusões antropomórficas às genitálias de ambos os sexos. Os órgãos sexuais que hoje chocam já foram representados com naturalidade por egípcios, persas, gregos, chineses e outros povos. A pedofilia é um tema que atormenta Caravaggio, Agnolo Bronzino, Salvador Dali e Balthus. A obra maneirista "Vênus e Cupido", pintada por Bronzino em 1540-45, ainda escandaliza por mostrar mãe e filho em jogos eróticos, num caso de incesto observado por uma multidão de voyeurs. Mas nem todas as obras eróticas se resumem à presença de símbolos de sugestão. Algumas são totalmente claras, explícitas, retratando a cópula como ideal de beleza e prazer. A maioria delas resume-se a obras raras, de Leonardo da Vinci a Picasso. Poucos fizeram desta representação o seu tema principal. É o caso de George Grosz, processado por isso na Alemanha, antes de se naturalizar americano, em 1938. O século vinte foi visivelmente marcado por mudanças radicais de comportamento, registadas na arte através do erotismo. O corpo foi transformado em objecto. Bonecas eróticas foram fabricadas em série, como mercadoria de consumo. Alguns artistas, como Hans Bellmer e Oskar Kokoschka, registraram acções perversas com elas. Sobre Kokoschka, sabe-se que por muito pouco não foi preso por ter abandonado no jardim de sua casa uma boneca decapitada que representava sua ex-amada que o abandonara. Entre 1915 e 1918, ele vagueou com a sua boneca, para a qual chegou a alugar um camarote na ópera. Numa noite de loucura súbita, Kokoschka partiu o crânio da sua amada sintética, curando-se então de sua paixão infeliz. Schopenhauer já considerava que as manifestações do homem, artísticas ou não, são determinadas pelas tendências sexuais. Isso fica evidente nas obras de arte. O que dizer dos nus masculinos pintados e esculpidos por Michelangelo, que androgenizava as mulheres? Porque teria ele representado símbolos fálicos no tecto da Capela Sistina? Para Freud, "o papel do artista é dar forma aos seus fantasmas e desejos, de acordo com regras estéticas. Tendo atenuado o choque inicial, as obras eróticas podem ser apresentadas aos outros homens que, como o artista, sofrem a repressão dos seus desejos." Portanto, cabe ao público a maturidade necessária – que não depende da idade, mas de uma boa resolução de suas questões íntimas – para finalmente poder encarar a arte erótica com tranquilidade e equilíbrio.

terça-feira, 28 de junho de 2022