segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Memórias

Há muitos anos... Para ser franco; já nem sei há quantos, esta viatura conduzida por pessoa pouco cautelosa caiu da Ponte de Trajano em Chaves. Pelo que ouvi dizer na altura, parece que o condutor não sofreu danos graves apesar do aparato que juntou dezenas de curiosos.
Pelos vistos, eu tinha comigo a máquina fotográfica e saiu disparo; quatro fotografias à laia de reportagem que na altura não me serviam para coisa nenhuma.
Este último fim-de-semana, digitalizei uma tira de negativos da qual fazia parte esta fotografia; pelo insólito, decidi apresentá-la aqui.
Lembrei-me então, de um episódio curioso que aconteceu uns dias antes deste acidente e até deu artigo num dos jornais locais...
Se vires a imagem ampliada, podes constatar que há em primeiro plano uns objectos (letras) de material poluente sobre a água, a formarem uma frase que serviu de palavra de ordem a uma manifestação "ecologista" dos intelectuais locais.
Pretendiam esses senhores da melhor nata flaviense, sensibilizar os seus vizinhos para a necessidade de proteger o rio. Houve manifestação e desfile sobre a ponte; simbólicamente uns quantos preocupados foram despejar água engarrafada nas águas turvas do Tâmega... Queriam tudo limpinho, um espelho de água que desse dignidade ao burgo, fundos comunitários para gastar, lugares cativos no poder local, coisas importantes, em suma...
E eis que surgem nódoas tâo negras quanto os óleos derramados pela viatura acidentada... Findo o acto simbólico, manifestantes atiram com o vasilhame para o rio.
É com exemplos assim que vive este país. Já lá vão uns anos, mas...

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