sábado, 25 de outubro de 2008

A ÁGUA

Foto: LUIS RAPOSO
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A empresa Bechtel, com sede na Califórnia, tinha recebido em concessão, por 40 anos, as águas de Cochabamba. Toda a água, incluindo a água das chuvas. Mal se instalou, triplicou as tarifas. Explodiu um motim, e a empresa teve que sair da Bolívia. O presidente Bush apiedou-se da expulsa, e consolou-a concedendo-lhe a água do Iraque. Muito generoso da sua parte. O Iraque não é só aniquilado pela sua fabulosa riqueza petrolífera; este país, é a mais rica fonte de água doce de todo o Médio Oriente (rios Tigre e Eufrates), é condenado ainda ao saque da água.
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O mundo está sedento. Os venenos químicos apodrecem os rios e as secas exterminam-nos; a sociedade de consumo consome cada vez mais agua, e a água é cada vez menos potável e cada vez mais escassa. Todos dizem isso, todos sabem: as guerras do petróleo serão, amanhã, guerras da água. Na realidade, as guerras da água já estão a verificar-se. São guerras de conquista, mas os invasores não lançam bombas nem desembarcam tropas. Viajam vestidos como civis estes tecnocratas internacionais que submetem os países pobres a um estado de sitio e exigem privatização ou morte. As suas armas, mortíferos instrumentos de extorsão e de castigo, não fazem volume nem provocam ruído. O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, dois dentes da mesma pinça, impuseram, nestes últimos anos, a privatização da água em 16 países pobres. Entre eles, alguns dos mais pobres do mundo, como Benim, Níger, Moçambique, Ruanda, Yemen, Tanzania, Camerúm, Honduras, Nicarágua… O argumento era irrefutável: ou entregam a água ou não haverá clemência com a dívida nem empréstimos novos. Os peritos também tiveram a paciência de explicar que não faziam isso para desmantelar soberanias e sim para ajudar a modernização dos países afundados no atraso pela ineficiência do Estado. E se as contas dá água privatizada são incomportáveis para a maioria da população, tanto melhor; para ver se assim, se desperta finalmente a vontade de trabalhar e de superação pessoal…
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Na democracia, quem manda? Os funcionários internacionais das altas finanças, votados por ninguém? Em finais de Outubro do ano passado, um plebiscito decidiu o destino da água no Uruguai. A grande maioria da população votou, por esmagadora maioria, confirmando que a água é um serviço público e um direito de todos. Foi uma vitória da democracia contra a tradição de impotência. O plebiscito do Uruguai não teve nenhuma repercussão internacional. Os grandes meios de comunicação não se inteiraram desta batalha da guerra da água, perdida pelos que sempre ganham; e o exemplo não contagiou nenhum país do mundo. Este foi o primeiro plebiscito da água e até agora, que se saiba, foi também o último.
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O original encontra-se no semanário Brecha, Montevideo, 11/Set/05.
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E em PORTUGAL?
Por cá a situação também é muito grave!
Em luta pela água pública
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A privatização da água, e em especial dos sistemas de abastecimento de água, tem suscitado mais sensibilidade social e mais oposição pública que as privatizações de outros sectores também fundamentais. Em todo o mundo há conflitos e há vitórias das populações na defesa da sua água. E, se é ainda uma percentagem diminuta dos interessados que se envolve nestes confrontos, a cada dia somos mais numerosos e a intervenção é mais abrangente.
Mas a nossa tarefa não é nada fácil. A privatização da água avançou muito em Portugal e noutros países. A crise profunda do sistema capitalista torna os adversários mais empenhados e agressivos, mas também despertará outros que juntarão às nossas as suas forças.
A campanha conjunta de organizações é um passo enorme na luta pela “água de todos”, que sairá fortalecida e enriquecida deste encontro.
Temos um trabalho duro e imenso pela frente. Mas juntando esforços, ficamos mais perto da vitória.
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Excerto
Saber mais em:
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Espoliação da água instituída pela Lei da Água e pela Lei da Titularidade
aprovadas em 2005.
Apelamos para a divulgação e sensibilização das pessoas a este ataque, à mobilização para que se defendam.
E quem não subscreveu ainda o abaixo-assinado, pode fazê-lo agora e deixe a sua mensagem.
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Tudo sobre a água em: Associação Água Pública

1 comentário:

José Fernando Magalhães disse...

Caríssimo amigo,
Tomei a liberdade de colocar o link deste seu artigo no meu blogue.
Um abraço amigo do
JM