Há
cento e cinquenta anos atrás, em 1913, um fotógrafo que trabalhava como
engenheiro da fábrica Leitz, na Alemanha, procurando uma câmara mais leve para
transportar, inventou uma pequena e útil máquina fotográfica que era tão
pequena quanto ele a poderia construir. Usou filme de 35mm, assim chamado
porque a sua largura total, incluindo as bordas com a furação para o rolete
dentado, é de 35mm. Este filme com os orifícios nas duas extremidades percorria
um caminho vertical tanto na máquina de filmar como na de projectar e continha
fotogramas de 18x24mm, numa proporção de 3: 4.
Oskar
Barnack, assim se chamava este engenheiro alemão, aplicou na sua máquina uma
lente de 42,5mm de distância focal, pelo que foi obrigado a usar a mesma área
de imagem de 24mm - mas, como o filme era transportado horizontalmente,
conseguiu duplicar a outra dimensão, resultando numa área de imagem maior, e numa
proporção de 2: 3.
A
primeira Leica comercializada foi produzida onze anos depois, em 1924, e por
vários anos, a "135" ou "35mm", como era chamada, também
era conhecida como formato "miniatura". A maioria dos profissionais e
amadores sérios da época, desprezavam esta dimensão e mantinham a sua escolha
no que hoje chamamos médio formato em filme 120 ou 620. A habilidade era a de
fazer com que cada disparo fosse eficaz, e era considerada uma parte essencial
para ser um profissional. Com cassetes de 35mm, pode-se não só carregar a câmara
com 36 exposições de uma vez, mas também se pode levar um ou dois rolos extra.
Era para eles, extravagante e desnecessário…
Durante
a que veio a ser conhecida como a Guerra da Coreia, um fotógrafo chamado David
Douglas Duncan (https://en.wikipedia.org/wiki/David_Douglas_Duncan)
descobriu algumas lentes de rosca
feitas no Japão por uma empresa que fabricava objectivas, chamada Nippon
Kogaku. A notícia da existência dessas objectivas, que eram impressionantemente
mais nítidas e mais baratas do que as alemãs, espalharam-se entre os fotógrafos
de guerra, e de lá para a cultura consumista no Ocidente, e colocaram no mapa,
a Nippon Kogaku oficialmente conhecida desde 1988 como Nikon.
O
tamanho da imagem de 24x36mm, que na década de 1950 estava a ser aceite como formato
padrão, era também denegrido e considerado um retângulo bastante desajeitado. O
formato era adequado para fotografias de paisagens, mas muito alto em verticais
e dificultava a composição, especialmente para fotógrafos habituados ao formato
quadrado, comum nas câmaras para filme 120.
Muitos
fotógrafos, especialmente os amadores, sentiam-se desconfortáveis com a forma e
proporções do retângulo.
É
uma questão de exercitar e educar o sentido de composição. Já passaram 96 anos
desde a construção em série de câmaras 24X36 e o formato resistiu ao tempo de
tal forma que nos tempos que correm, são já inúmeras marcas de fabricantes a
construírem máquinas digitais com sensores FF, ou seja, com as dimensões deste
rectângulo.
Houve
quebras na oferta de filmes disponíveis ao público, apareceram novos
fabricantes e outros que recuperaram marcas antigas, e o 35mm mantem-se como
uma das alternativas à fotografia digital, tal como o Full-Frame (35.9×24.0mm,) o é em relação aos sensores de médio formato de 6X4,5. A
escolha, é opção do fotógrafo.
Por
isso, neste colectivo que se forma com a sigla 24X36, recebemos todos os
interessados na fotografia como forma de expressão artística, privilegiando a
sua realização até ao resultado final, o papel.
Promoveremos
exposições individuais e colectivas, feiras, workshops e conferências,
editaremos um livro anual com trabalhos dos associados e uma zine trimestral de
tiragem limitada.
Mais
tarde, e logo que possível, teremos galeria própria, um laboratório químico e
outro digital, e até um estúdio, para a utilização dos membros.
E
sim; faremos parcerias com outros grupos, espaços expositivos e empresas, em
acordos pontuais que sejam benéficas para as partes envolvidas.
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