sábado, 2 de maio de 2020

O FORMATO 24x36, o “colectivo 24X36”



Há cento e cinquenta anos atrás, em 1913, um fotógrafo que trabalhava como engenheiro da fábrica Leitz, na Alemanha, procurando uma câmara mais leve para transportar, inventou uma pequena e útil máquina fotográfica que era tão pequena quanto ele a poderia construir. Usou filme de 35mm, assim chamado porque a sua largura total, incluindo as bordas com a furação para o rolete dentado, é de 35mm. Este filme com os orifícios nas duas extremidades percorria um caminho vertical tanto na máquina de filmar como na de projectar e continha fotogramas de 18x24mm, numa proporção de 3: 4.
Oskar Barnack, assim se chamava este engenheiro alemão, aplicou na sua máquina uma lente de 42,5mm de distância focal, pelo que foi obrigado a usar a mesma área de imagem de 24mm - mas, como o filme era transportado horizontalmente, conseguiu duplicar a outra dimensão, resultando numa área de imagem maior, e numa proporção de 2: 3.
A primeira Leica comercializada foi produzida onze anos depois, em 1924, e por vários anos, a "135" ou "35mm", como era chamada, também era conhecida como formato "miniatura". A maioria dos profissionais e amadores sérios da época, desprezavam esta dimensão e mantinham a sua escolha no que hoje chamamos médio formato em filme 120 ou 620. A habilidade era a de fazer com que cada disparo fosse eficaz, e era considerada uma parte essencial para ser um profissional. Com cassetes de 35mm, pode-se não só carregar a câmara com 36 exposições de uma vez, mas também se pode levar um ou dois rolos extra. Era para eles, extravagante e desnecessário…
Durante a que veio a ser conhecida como a Guerra da Coreia, um fotógrafo chamado David Douglas Duncan (https://en.wikipedia.org/wiki/David_Douglas_Duncan) descobriu algumas lentes de rosca feitas no Japão por uma empresa que fabricava objectivas, chamada Nippon Kogaku. A notícia da existência dessas objectivas, que eram impressionantemente mais nítidas e mais baratas do que as alemãs, espalharam-se entre os fotógrafos de guerra, e de lá para a cultura consumista no Ocidente, e colocaram no mapa, a Nippon Kogaku oficialmente conhecida desde 1988 como Nikon.
O tamanho da imagem de 24x36mm, que na década de 1950 estava a ser aceite como formato padrão, era também denegrido e considerado um retângulo bastante desajeitado. O formato era adequado para fotografias de paisagens, mas muito alto em verticais e dificultava a composição, especialmente para fotógrafos habituados ao formato quadrado, comum nas câmaras para filme 120.
Muitos fotógrafos, especialmente os amadores, sentiam-se desconfortáveis com a forma e proporções do retângulo.
É uma questão de exercitar e educar o sentido de composição. Já passaram 96 anos desde a construção em série de câmaras 24X36 e o formato resistiu ao tempo de tal forma que nos tempos que correm, são já inúmeras marcas de fabricantes a construírem máquinas digitais com sensores FF, ou seja, com as dimensões deste rectângulo.
Houve quebras na oferta de filmes disponíveis ao público, apareceram novos fabricantes e outros que recuperaram marcas antigas, e o 35mm mantem-se como uma das alternativas à fotografia digital, tal como o Full-Frame (35.9×24.0mm,) o é em relação aos sensores de médio formato de 6X4,5. A escolha, é opção do fotógrafo.

Por isso, neste colectivo que se forma com a sigla 24X36, recebemos todos os interessados na fotografia como forma de expressão artística, privilegiando a sua realização até ao resultado final, o papel.

Promoveremos exposições individuais e colectivas, feiras, workshops e conferências, editaremos um livro anual com trabalhos dos associados e uma zine trimestral de tiragem limitada.

Mais tarde, e logo que possível, teremos galeria própria, um laboratório químico e outro digital, e até um estúdio, para a utilização dos membros.

E sim; faremos parcerias com outros grupos, espaços expositivos e empresas, em acordos pontuais que sejam benéficas para as partes envolvidas.

A nossa sede, mesmo a provisória, estará na área do Grande Porto.


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