Tenho pensado muito sobre as Zines e como este tipo de publicações tem
sido subutilizada na comunidade de fotografia. A cultura de revista está a
encolher tanto em leitores como em títulos disponíveis devido sobretudo ao
custo das publicações. As Zines, por outro lado, são peças autopublicadas tão
fáceis de fazer e vender que podem ser usadas tanto como brindes promocionais como
objectos de colecção.
A cultura da Zine é baseada na fotocopiadora ou noutros métodos
baratos de impressão. Nem os consumidores de zines nem os seus produtores se
concentram no objeto de alta qualidade. Porquê? Porque no mundo da arte “indie”
(de independente), ser pobre é uma marca de honra. O marketing para a riqueza é
o pecado original. Zines são do proletariado pelo proletariado; nós
disseminamos as nossas criações e a nossa arte no método mais acessível e fácil
de produzir. Frequentemente ficamos fechados nos nossos escritórios a usar a
máquina copiadora investindo algum dinheiro na impressão dos nossos manifestos
e trabalhos. É fácil imprimir qualquer número de cópias quando os suprimentos
estão em baixa, em oposição a qualquer outro tipo de publicação de livros, que
normalmente requerem um determinado limite de número de cópias impressões e, na
maior parte das vezes, a um custo tão alto que é improvável que gerem lucro.
As Foto zines permitem a curadoria de temas, conceitos e séries. Elas
podem ser uma declaração sobre o que são essas fotografias, apresentadas numa
ordem pretendida pelo autor. É preferível guiar a audiência dessa maneira, em
vez da experiência comum de mídia social com uma foto aleatória de uma série
aqui e ali, vista fora de ordem ou nunca no contexto de uma série. Não
escolhemos ler livros por meio de parágrafos aleatórios. Não devemos tratar a nossa
arte visual apenas por meio de exclusividades aleatórias.
Todas as pessoas criativas tiveram momentos de
insegurança, de solidão, onde questionamos se aquilo que fazemos tem algum
valor para qualquer outra pessoa. Quando criamos um vazio e só interagimos com
os outros artisticamente através de sessões fotográficas e redes sociais
ocasionais, isso torna-se numa enorme erosão à nossa positividade e
criatividade. A cultura das Zines permite-nos interagir com as pessoas cara a
cara em festivais ou feiras de zine, se fizermos trabalhos que o público possa
agarrar com as próprias mãos e que tenham uma interação pessoal e física real.
Verás que a tua arte significa qualquer coisa real para pessoas reais. Eles vão
lembrar-se de ti e valorizarão a tua arte de forma muito mais intensa do que o
toque casual de uma imagem num smartphone.
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