Sobre três fotografias que tinha publicado na minha página do facebook, fui surpreendido com a escrita do Jorge Velhote.
Nada se sabe, é um mistério conduzido sobre sargaços e limos, areias e penedos. Um caminho limitando os passos antes da queda, uma passagem sem limite como se uma labareda desassossegasse a fúria de uma oração, uma sevícia transbordando no silêncio do lugar um alicerce para a intimidade de um olhar onde possa chover.
O lugar é uma deriva que estala sob os pés, uma ventilação ou alívio que alaga tudo. Nessa solidão abre-se uma fissura que dilata a combustão do momento - um sulco em turbilhão pigmentando os pulsos - , esperas a noite como se levitasses lentamente. Uma cisterna onde afogar o cansaço. O invisível onde rasurar a velocidade de uma palavra apenas.
Nenhum lugar perdida a claridade do dia resta para ser contemplado então regressas para olhar como deslizam nas paredes as sombras o que decide a loucura a embriaguez que dedicamos ao infinito - és assim piedoso sílaba a sílaba deixando que na desaparição da penumbra sobreviva um fio de luz um peixe entre espelhos.
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