quarta-feira, 20 de março de 2024

ROBERT MAPPLETHORPE


Robert Mapplethorpe ou quando a pornografia alcançou o status de culto

 

Muitas vezes, quando pensamos nos conceitos e formas relacionados ao termo pornografia, tendemos a ignorar que por trás do explícito, do vulgar, do escandaloso ou do polémico pode haver uma beleza cativante.

Diante do ponto de vista particular de génios como o fotógrafo Robert Mapplethorpe (1946 - 1989), sucumbimos aos nossos anseios animais e às nossas fantasias carnais sem culpa ou vergonha, agarrados à ideia de que aquilo de que gostamos é uma arte e um conhecimento que, com o tempo, alcançou o status de obra de culto.

A carreira deste icónico artista é repleta de pénis erectos, mamas, nádegas, sadomasoquismo, erotismo subtil, pornografia explícita, homossexualidade e flores porque como ele mesmo confessou, fosse um galo ou uma flor, observava tudo da mesma perspectiva, da mesma natureza.

Durante as décadas de 70 e 80 Mapplethorpe destacou-se por criar imagens de nus elegantes e provocantes, muitas vezes ligadas a temas homoeróticos, que sempre combinavam conteúdos considerados por muitos como escandalosos com um cuidadoso tratamento a preto e branco.

Robert Mapplethorpe sempre procurou alcançar o equilíbrio e a perfeição estética. A sua obra coloca-o entre os grandes artistas do século XX.

O fotógrafo nova-iorquino destacou-se por possuir um grande domínio técnico que utilizou para desafiar convenções. As suas séries de flores e nus caracterizavam-se por terem uma carga sexual tão elevada que eram até classificadas como pornográficas.

Com a sua câmara Hasselblad começou a fotografar o seu círculo de amigos e conhecidos, entre os quais artistas como Patti Smith, compositores, pessoas da alta sociedade, actores pornográficos e os mais diversos personagens. A sua câmara testemunhou não apenas o seu despertar sexual e artístico, mas também o da cidade de Nova York.

Tal era o talento de Mapplethorpe que, nos anos 80, ele tornar-se-ia um fotógrafo editorial requisitado, procurado por revistas como Vogue e Vanity Fair, que lhe encomendariam muitos dos seus retratos.

Entre o clássico e o contemporâneo, a sua obra sente uma atracção e influência muito forte do classicismo. Os seus estudos anatómicos lembram o David de Michelangelo ou os moldes feitos pelo brilhante escultor francês Rodin.

Por outro lado, o seu trabalho é um retrato desinibido da cena sexual underground que, por exemplo, englobava a demonizada cultura LGTB da época. A sua vida e carreira foram caracterizadas pela dualidade e pela busca constante.

Mapplethorpe tornou-se o ícone que está muito além do escândalo, da provocação e da polémica, e fê-lo ao transformar em arte todos os desejos que despertam a nossa natureza mais básica e real.


















 

Sem comentários: